ENTREVISTA COM A BAILARINA SHALIMAR MATTAR
Sou de São Paulo , meu pai é de familia de Sirios e libaneses e minha mãe de italianos. Comecei a dançar muito pequena mas fazia ballet clássico . Depois passei por mais uns 5 estilos diferentes e realmente só me interessei pela dança do ventre quando já era adolescente . Logico que foi por influencia da minha mãe que sempre fez questão que eu seguisse a arte da dança oriental em homenagem a familia do meu pai. Nas festas de familia muitas vezes ela montava espetáculos e peças e já me colocava para dançar. A dança do ventre sempre foi bem aceita no Brasil, o problema é que não é tratada com o devido profissionalismo e respeito . As pessoas ainda não a encaram como uma arte que exige técnica e estudo mas isso está mudando aos poucos e cabe a nós, profissionais e representantes da área tomarmos sempre atitudes que colaborem com a correta divulgação da dança oriental .Acredito que os eventos como o Mercado Persa contribuem muito com esse propósito.Minha mestra foi minha mãe, Samira Samia. Mas continuo estudando muito e sempre, porque o estudo é fundamental para que um profissional se mantenha atualizado . As bailarinas brasileiras sempre se destacaram no exterior porque somos delicadas, femininas e nos adaptamos muito facilmente a diferentes estilos e culturas. A brasileira realmente tem a percepção de compreender rapidamente o que o público de um outro país aprecia e facilmente ela se adapta e se destaca. Fico muito orgulhosa das colegas brasileiras que se dedicam a desenvolver carreiras fora do país porque isso também é de grande importância não somente para o intercambio cultural mas também para manter o Brasil em destaque mas para mim o melhor lugar do mundo para se dançar é aqui porque o amor do público certamente é uma das principais inspirações do artista. o Mercado Persa foi idealizado pela minha mãe e passei a coordená-lo em homenagem a ela já que sempre acompanhei de perto sua carreira e a dificuldade que tinha na época em divulgar uma arte que ainda sofria tanto preconceito. O Mercado Persa completa em 2015, dentro de menos de um mes, 20 anos ! Certamente é um dos mais antigos festivais árabes do mundo, se não for o primeiro ....Muitas pessoas de outros países vem ao festival e muitas vezes nem sabemos .Me lembro que em uma ocasião fui ao toilete do festival e encontrei uma Venezuelana que me disse que vinha todos os anos ao festival e eu nem a conhecia. Recebemos colegas dos Estados Unidos, países vizinhos da América do Sul, Egito e até Europa mas a maior dificuldade realmente é a distância do Brasil e o alto custo de se viajar pelo nosso país realmente não colabora para atrair colegas de outros países. O foco principal do Mercado Persa é prestigiar o bailarino brasileiro e sempre será assim mas ficamos imensamente felizes em receber estrangeiros. Alguns nomes de destaque foram a bailarina americana Tamalyn Dallal (Belly Dance Superstars) o cantor libanes Fadi Harb, o maestro argentino Mario Kirlis, os bailarinos Saida e Yammil, os bailarinos egípcios Hamada e Amr Abdalla . Também adoramos receber as brasileiras que vem com frequencia para o festival e fazem muito sucesso lá fora como Claudia Cenci, Soraia Zayed e Warda Maravilha .Eu procuro indicar sempre boas profissionais em todas as áreas pois acredito que esta seja a melhor maneira de fazer com que nosso mercado se movimente. Amo tudo que está ligado a arte adoro unir pessoas em torno de um objetivo comum .Sou sensivel mas também prática e objetiva. Acredito que a melhor dança do mundo é aquela em que o primeiro músculo a ser acionado é o coração. Amor é vida . ódio é doença . Dançar é liberdade . Defeito: nossa, são muitos mas passo a vida tentando melhorar um pouquinho a cada dia. Qualidade: o que considero uma qualidade pessoal pode ser um defeito para alguém que convive comigo então prefiro nem responder.kkk. Futuro: quem sabe??? .Planos: viver o dia de hoje com alegria e seguindo sempre minha essência. Uma dica: na dança como na vida o melhor é "ser quem voce é e não quem os outros esperam que voce seja " .
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